O PÁRA-QUEDISMO NA MARINHA
A história recente do pára-quedismo militar em Portugal – especialidade que já conta com mais de cinquenta anos nas Forças Armadas Portuguesas – tem alguns aspectos pouco conhecidos, um dos quais, o seu emprego na Marinha, assunto que me proponho aqui abordar. Este ramo das Forças Armadas, que já no passado teve registos de pára-quedistas nas suas fileiras(1), integra actualmente nos seus quadros tal «espécime de homens». E porque o emprego desta capacidade se estende para além das fronteiras do ramo, este artigo é também uma homenagem a todos aqueles que com valentia descem lá dos céus, de noite ou de dia, destemidos e por vezes desconhecidos. É aos Boinas Verdes que me dirijo… independentemente da sua origem, do propósito da sua formação ou mesmo da organização a que pertencem.
O pára-quedismo é muito mais do que um desporto de aventura (ou radical, como alguns insistem em chamar); é uma técnica; eu diria, uma preciosa ferramenta que requer conhecimento, destreza e capacidade de decisão, e que nem todos estão aptos a desenvolver pelo risco e pela exigência que esta actividade assume. Muito menos na sua vertente militar, onde a componente, supostamente lúdica do salto, dá lugar ao incómodo da carga que o pára-quedista transporta consigo, ao stresse do combate que vai ter de enfrentar no terreno, ao tipo de equipamento que utiliza, até às circunstâncias do transporte em voo táctico ou às condições de visibilidade reduzida em que vai ter de operar. É pois na técnica, na segurança e na preparação para combate que residem as maiores preocupações da formação e do treino do pára-quedista militar… e porque é de vidas humanas que se trata, a qualidade da formação deve ser, prioritariamente, medida por esta orientação. Este é, seguramente, o princípio que prevalece na formação dos Boinas Verdes, na Escola de Tropas Pára-quedistas (ETP), em Tancos.
O pára-quedismo é muito mais do que um desporto de aventura (ou radical, como alguns insistem em chamar); é uma técnica; eu diria, uma preciosa ferramenta que requer conhecimento, destreza e capacidade de decisão, e que nem todos estão aptos a desenvolver pelo risco e pela exigência que esta actividade assume. Muito menos na sua vertente militar, onde a componente, supostamente lúdica do salto, dá lugar ao incómodo da carga que o pára-quedista transporta consigo, ao stresse do combate que vai ter de enfrentar no terreno, ao tipo de equipamento que utiliza, até às circunstâncias do transporte em voo táctico ou às condições de visibilidade reduzida em que vai ter de operar. É pois na técnica, na segurança e na preparação para combate que residem as maiores preocupações da formação e do treino do pára-quedista militar… e porque é de vidas humanas que se trata, a qualidade da formação deve ser, prioritariamente, medida por esta orientação. Este é, seguramente, o princípio que prevalece na formação dos Boinas Verdes, na Escola de Tropas Pára-quedistas (ETP), em Tancos.
Em 1997, e após vários anos de propostas que envolveram os três ramos das Forças Armadas(2), o Destacamento de Acções Especiais (DAE) do Corpo de Fuzileiros da Marinha, recebeu luz verde para enviar os seus primeiros elementos à então ETAT, a fim de obter qualificação em pára-quedismo militar (CPM) tendo-se seguido, posteriormente, várias outras edições que garante a extensão desta capacidade a todos os elementos que prestam serviço na unidade(3).
Mas a formação de elementos da Marinha em pára-quedismo militar não se esgotou por aqui; em 2001, dá-se inicio ao primeiro curso de Queda Livre Operacional(4), também frequentado na ETAT, abrindo assim portas para que um pequeno grupo do DAE fosse qualificado em saltos de grande altitude, utilizando o sistema de abertura manual com recurso a equipamentos de oxigénio. Esta valência, e uma vez que não requer um sistema automático de abertura com ligação à aeronave, permite ainda, embora limitado à altura fisiológica(5), que o lançamento dos pára-quedistas se realize a partir de qualquer plataforma aérea, nomeadamente através dos helicópteros que a Marinha opera, o MK95 Lynx. Apesar desta possibilidade ainda não ter sido operacionalizada, espera-se, em breve, ver reunidas algumas sinergias que permitam aproveitar a existência deste meio aéreo no ramo e a formação do salto já adquirida, potencializando-se assim o investimento já efectuado.
Mas a formação de elementos da Marinha em pára-quedismo militar não se esgotou por aqui; em 2001, dá-se inicio ao primeiro curso de Queda Livre Operacional(4), também frequentado na ETAT, abrindo assim portas para que um pequeno grupo do DAE fosse qualificado em saltos de grande altitude, utilizando o sistema de abertura manual com recurso a equipamentos de oxigénio. Esta valência, e uma vez que não requer um sistema automático de abertura com ligação à aeronave, permite ainda, embora limitado à altura fisiológica(5), que o lançamento dos pára-quedistas se realize a partir de qualquer plataforma aérea, nomeadamente através dos helicópteros que a Marinha opera, o MK95 Lynx. Apesar desta possibilidade ainda não ter sido operacionalizada, espera-se, em breve, ver reunidas algumas sinergias que permitam aproveitar a existência deste meio aéreo no ramo e a formação do salto já adquirida, potencializando-se assim o investimento já efectuado.
Mas porquê atribuir a qualificação de pára-quedismo (militar) aos Fuzileiros? A resposta tem, a meu ver, tanto de racional como de simples: elementos de operações especiais (como é o caso concreto dos militares do DAE(6)) e independentemente do meio que normalmente operam ou são especialistas, não poderão deixar de cumprir a sua missão por incapacidade ou limitações de inserção/extracção na área de operações, quer optando-se pela projecção a partir do mar, pelo ar ou em terra, ou mesmo conjugando as várias modalidades. Naturalmente que a incidência dos elementos do DAE, até pelas suas idiossincrasias deverá privilegiar o mar como meio de intervenção principal, treinando e aplicando as técnicas necessárias que lhes permita alcançar o objectivo em condições de combater.
Mas a formação já adquirida, não é, per si, suficiente para se garantir esta capacidade; há necessidade de manter as qualificações com treinos periódicos, em ambientes e cenários tão parecidos quanto possível, àqueles em que um dia possa vir a ser exigido o seu emprego operacional.
A manutenção semestral das qualificações, os exercícios e intercâmbios conjuntos (e também combinados) com inclusão de saltos operacionais, poderão constituir uma oportunidade de excelência, a não desperdiçar onde um eventual protocolo entre as partes envolvidas iria, indubitavelmente, contribuir de forma decisiva .
Mas a formação já adquirida, não é, per si, suficiente para se garantir esta capacidade; há necessidade de manter as qualificações com treinos periódicos, em ambientes e cenários tão parecidos quanto possível, àqueles em que um dia possa vir a ser exigido o seu emprego operacional.
A manutenção semestral das qualificações, os exercícios e intercâmbios conjuntos (e também combinados) com inclusão de saltos operacionais, poderão constituir uma oportunidade de excelência, a não desperdiçar onde um eventual protocolo entre as partes envolvidas iria, indubitavelmente, contribuir de forma decisiva .
A amizade, a disponibilidade e o apoio (sempre inexcedíveis) dos nossos camaradas pára-quedistas, é por todos os militares do DAE reconhecido e recordado, merecendo aqui também o meu público testemunho. Quem é que não se recorda das calistenias, dos toros ou do cântico “Ó Pátria Mãe”? Afinal, também na Marinha há boinas Boinas Verdes…
Saúdo e felicito todos os pára-quedistas, em particular as unidades que em Tancos nos receberam pela sua total abertura e disponibilidade neste processo, e em especial à sua Escola que nos formou e que sempre recordaremos com nostalgia.
Saúdo e felicito todos os pára-quedistas, em particular as unidades que em Tancos nos receberam pela sua total abertura e disponibilidade neste processo, e em especial à sua Escola que nos formou e que sempre recordaremos com nostalgia.
«Que nunca por vencidos se conheçam»
(1) Cf. “Um pioneiro dos pára-quedistas saído da Marinha” Revista da Armada, Março de 2006, p. 27.
(2) Recorda-se que até 1994 os Pára-quedistas encontravam-se na Força Aérea, passando a partir desta data a pertencer ao Exército.
(3) Ao abrigo da Portaria 494/85, de 20JUL, esta valência constitui condição para ingresso no DAE.
(4) Vulgo Curso SOGA (Saltador Operacional de Grande Altitude).
(5) Altitude máxima (normalmente 12.000 ft) até onde a tripulação da aeronave e os saltadores não sofrem os efeitos de hipóxia – sintoma originado pela falta de oxigénio.
(6) Conforme definido na Directiva Operacional 12/CEMGFA/99 – Forças de Operações Especiais, Operações Conjuntas.
(2) Recorda-se que até 1994 os Pára-quedistas encontravam-se na Força Aérea, passando a partir desta data a pertencer ao Exército.
(3) Ao abrigo da Portaria 494/85, de 20JUL, esta valência constitui condição para ingresso no DAE.
(4) Vulgo Curso SOGA (Saltador Operacional de Grande Altitude).
(5) Altitude máxima (normalmente 12.000 ft) até onde a tripulação da aeronave e os saltadores não sofrem os efeitos de hipóxia – sintoma originado pela falta de oxigénio.
(6) Conforme definido na Directiva Operacional 12/CEMGFA/99 – Forças de Operações Especiais, Operações Conjuntas.
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