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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

SERGIO DE MELLO QUEIROZ TIRO EMBARCADO EM AERONAVE BRASIL 2016 O GRAER é uma Unidade Policial Militar subordinada diretamente ao Comando de Operações Especiais e hoje possui duas aeronaves e um efetivo composto de oficiais e praças extremamente especializados. O GRAER uma das unidades da PMGO e como o próprio Maj RM disse em sua preleção matinal que antecedeu a instrução, é uma Unidade Militar “Especializada e Especial”, e por isso se destaca entre os grupamentos aéreos do país, pois forma PPMM (policiais militares) de outras corporações policiais militares de outros Estados e também de outras forças. Visão frontal do Galpão do GRAER. Pela manhã o Comandante do GRAER fez uma briefing, ou preleção – como prefiro dizer, com a tropa explicando como se desenvolveria a instrução daquele dia, quais os objetivos e fazendo algumas observações importantes como as regras de segurança e a atenção dos participantes, que deve ser redobrada durante os exercícios. Preleção matinal. Após a preleção deslocamos para o local da instrução, uma fazenda fora do perímetro urbano de Goiânia, isso pois o espaço para a realização desse tipo de instrução deve ser muito grande. O local utilizado foi perfeito, pois havia também linhas de tiro onde pudemos fazer as duas partes da instrução. Esse vídeo mostra a chegada dos instrutores e do aluno convidado – eu, ao local da instrução. A instrução se dividiu em duas partes bem distintas. A primeira com o tiro em solo onde os PPMM realizaram tiro estático em uma linha de tiro, com os alvos à frente, com o objetivo de relembrar aos participantes os fundamentos do tiro e manuseio com os fuzis a serem usados na instrução. Essa parte foi muito importante pois deixou bem claro o nível de conhecimento técnico do GRAER. Os participantes realizaram os disparos com ótimo aproveitamento, não apenas em seus acertos, mas também no que diz respeito ao manuseio com os fuzis. Foto de nosso amigo Mineirinho. As armas usadas na instrução foram o fuzil FAL IMBEL calibre 7,62x51mm, carabina XM15 BUSHMASTER e carabima MD97 IMBEL, ambas no calibre 5,56x45mm. Tanto o FAL quanto o XM15, este que não se confunde com AR15 da COLT, funcionaram bem e sem panes, porém, a carabina MD97 – como sempre, apresentou várias falhas de funcionamento e panes. E todas as armas foram manutenidas antes da instrução, assim não há o que se falar em sujeira nas armas. Quanto as munições foram usadas a tida como padrão da Corporação e originais de fábrica. Depois de superada a parte inicial foi feito outra prelação sobre a instrução de tiro que aconteceria embarcado na aeronave, sobre as normas de segurança, os objetivos do treinamento e sobre o desenvolvimento da instrução propriamente dita. O tiro embarcado em aeronave não é dos mais fáceis de serem realizados. Como qualquer tiro em movimento, ele exige do operador uma destreza muito grande e um nível de treinamento considerável. Em especial o tiro feito dentro de um helicóptero em movimento, em alvos estáticos ou em movimento também é de extrema dificuldade. Além da velocidade do helicóptero, que, quando devagar, está a cerca de 80 KM/h, o ângulo de tiro que para mim é inusitado – atirando para baixo, o forte balanço da aeronave, a altura e o fato de estar dependurado por um cabo no trem de pouso da aeronave e principalmente o fato de que se houver um disparo na angulação errada você pode derrubar o helicóptero, tudo isso torna o tiro um pouco tenso, mas logo a tensão é superada e o prazer, que é natural do tiro, aparece. O tiro embarcado deve ser realizado com muito cuidado e sempre comandando (teoricamente) por outro tripulante, pois um disparo no rotor de calda, nas hélices que estão acima, ou na própria estrutura da aeronave representa queda, principalmente quando falamos do rotor de calda. Por isso a angulação e a direção do cano das armas deve ser assistido por um terceiro tripulante, pois o stress do atirador em situações de uso em operações, pode levá-lo a distração e a quebra do ângulo de tiro, que seria fatal. Exceto eu que era um estranho no ninho dos falcões, todos os outros PPMM são pilotos atuantes ou tripulantes habilitados através de um curso muito rígido de formação e todos PPMM pertencem ao GRAER e lá trabalham todos os dias, assim estão acostumados com a altura e com o balanço da aeronave. No meu caso os vôos que havia feito antes foram vôos panorâmicos, vôos “cobra morta” como chamamos por aqui. Confesso que estar preso por um cabo, sentado na borda do assoalho, com os pés nos esquis não foi fácil. Quando a aeronave subiu meu corpo naturalmente pediu o solo, mas rapidamente consegui me situar a me posicionar para realizar os disparos. O tripulante deve estar com seu equipamento de proteção individual (EPI) completo e armado de fuzil de assalto e pistola carregada e acondicionada no coldre e ligada ao cinto por um fiel. A arma portátil, o fuzil, deverá estar alimentada apenas, isto é, sem munição na câmara e com o seletor de tiro na posição de tiro intermitente e deve ter também uma bandoleira. O fuzil é colocado desse forma seguindo padronização de nossa Corporação, a PMGO, que ensina que as armas longas, seja ela qual for e em que situação estiver, devem ser conduzidas sem munição na câmara e somente podem ser carregadas no momento do seu uso. Outras instituições policiais, como o DPF por exemplo, levam suas armas de maneira diferente, conduzindo-as carregadas e travadas, já com munição na câmara e para usa-la basta destravar o mecanismo de segurança e acionar o gatilho do fuzil. Esse importante detalhe é escolhido pensando-se no nível de treinamento dos operadores – penso eu, e também considerando-se a arma a ser usada. No caso da PM armas fabricadas pela IMBEL, no caso do DPF o fuzil G36 da HK. É até covardia comparar essas duas armas. Digo isso pois confio muito mais no sistema de segurança de um G36 do que no da MD97. As travas de segurança e a probabilidade de disparos no caso de choques ou quedas no G36 é muito menor, já as carabinas MD97 não me expiram tanta confiança. Quem trabalhou na Força Nacional sabe a fama dessas carabinas. O MD97 estava disparando ao se realizar o golpe de segurança para carregá- las, somente depois que o Ten Cel Flecha, da PMGO, fez um relatório fundamentado relatando a grave falha que a IMBEL decidiu consertar as armas, mas um conserto “meia boca”, só um paliativo. Se estivéssemos num país sério o projeto todo deveria ser mudado ou a arma seria recolhida. A bandoleira é um caso a parte. Só quem tem o hábito de trabalhar com o fuzil no ombro todos os dias que sabe o quanto é importante uma boa bandoleira. Ela deve ser de uso particular do atirador e fica a cargo dele escolher uma bandoleira de um, dois ou três pontos. O que deve considerado é que ela deve ser ajustada antes de se entrar na aeronave e deve possibilitar o tiro com as duas empunhaduras, ou seja, braço forte e braço fraco. Embarcado, já em voo, no momento do tiro, não é o local adequado para descobrir que sua bandoleira está curta e mal regulada. Como todo o serviço policial, lá em cima o que acontece é vida ou morte! Existem fuzis que possuem coletores de capsulas ou que possuem defletores para mudar a trajetória das cápsulas deflagradas, objetivando que eles não atinjam os pilotos ou outros tripulantes, pois elas estão muitos quentes e são expelidas em uma velocidade considerável. Falcão 02 da PMGO. A posição de tiro dentro na aeronave ou sobre o trem de pouso varia de acordo com o modelo do helicóptero, principalmente o tiro que é feito em seu interior. Nesta instrução foi usado o helicóptero COALA, mas a PMGO possui também outro helicóptero, o ESQUILO e o interior destas duas aeronaves são diferentes. Sendo que o primeiro possui o assoalho mais aprofundado que as bordas laterais, já o Esquilo é de outra forma. A maneira de atirar deve ser a mais segura e confortável possível. No momento do tiro, lembre-se mais da segurança do que do conforto, essa premissa nunca pode ser esquecida. O tiro pode ser feito com dois atiradores em um dos lados ou apenas com um atirador de cada lado, sentados com os pés apoiados no trem de pouso e sempre devem estar ancorados através de um cabo de segurança. Aqui entra a diferença de modelos de aeronave. Algumas aeronaves possuem um banco traseiro que possibilita o tiro sentado nele e outras não o possuem ou não é possível atirar sentado dele, mas sim sentado no assoalho do helicóptero, com as duas pernas para fora ou com uma delas para dentro e a outra no esqui, ajudando no apoio e evitando que a arma vacile muito, o que dificultaria muito a precisão do tiro. Existem princípios, que não são básicos, que devem ser seguidos rigorosamente, quando realizamos o tiro em aeronave. Como o objetivo dessa publicação não é de maneira alguma esgotar o assunto, falarei de maneira breve sobre esses princípios, seguindo a doutrina difundida e usada pelo GRAER da PMGO, pensando sempre na padronização de procedimentos como ferramenta fundamental para o bom cumprimento de qualquer missão. Além das regras e observações habituais empregadas ao tiro policial e nas instruções com armas de fogo, devemos considerar questões importantes como: “quando atirar”, “quando usar a força letal” e o “triângulo do tiro”. Esses conceitos ajudam ao operador a realizar um tiro consciente e responsável, pois o uso de fuzis dentro do perímetro urbano deve ser meticulosamente medido, principalmente se disparado de uma aeronave, que amplia em muito o poder de alcance de seus projéteis. O tripulante da aeronave ao embarcar deve estar com EPI completo e já armado de fuzil e pistola. Pistola carregada e fuzil apenas alimentado, como já debatido. E todas as duas armas devem estar ligadas ao corpo do operador, a pistola por um fiel confiável e o fuzil por uma bandoleira. As posições de tiro devem ser adotadas considerando-se o modelo da aeronave, a posição do alvo em relação à aeronave e o atirador, as ordens do Tripulante operacional, mas em regra o tiro em aeronaves e feito com os dois pés no esqui do helicóptero, devidamente ancorado através de um cabo de segurança. A foto adiante mostra a posição de tiro mais usada em operações reais e em instruções. Essa outra mostra quatro atiradores postados nos esquis da aeronave, dois de cada lado, quantidade de operadores que exige atenção redobrada, como a frente comentaremos. Nessa posição o atirador esta sentado no assoalho da aeronave, em observação e pronto para utilizar sua arma de fogo, posição mais confortável, porém, perde um pouco de mobilidade. Nessa outra foto o operador está com uma das pernas para dentro na aeronave. Essa posição não é muito convencional e não muito usada, mas dá ao atirador muita firmeza no momento do disparo, mas ela é um tanto desconfortável. Seja qual for a posição adotada ou qual seja o modelo de aeronave o controle do cano do fuzil dever ser meticulosamente observado, e todos os manuseios devem ser feitos para uma direção segura, isto é, fora da aeronave e todos os procedimentos devem ser reportados ao 2º piloto. No caso de dois tripulantes operacionais do mesmo lado, o campo de tiro é divido, ficando 180º para cada tripulante, sendo que o da esquerda é responsável pela linha de tiro compreendida do centro para a retaguarda, cabendo a ele uma amplitude de 90º para realizar seu disparos. Já o tripulante de direita cabe a linha de tiro do centro para a proa do helicóptero. Sem dúvida a posição mais comum e mais usada é em pé no esqui da aeronave, isso pois da maior mobilidade para o operador, é uma postura mais confortável, tem um impacto psicológico muito grande devido a sua ostensividade e a grande demostração de força e, caso a arma não possua coletor de estojos ou defletor, a possibilidade de um cartucho ser lançado para dentro da cabine é bem menor. Esse vídeo mostra a visão interna do exercício de tiro realizado na ocasião da instrução. Lembrando que as armas estão apenas alimentadas, sem munição na câmara, sempre que houver a necessidade de carregar as armas, previamente isso deve ser solicitado ao 2º piloto – Comandante de Operações, e este procedimento deve ser feito, como já dito, com o cano direcionado para fora da aeronave. Após o operador carregar a arma deve verbalizar “ARMA CARREGADA” e a partir de então o controle do cano deve ser redobrado e o princípio do “dedo fora do gatilho” deve ser sempre seguido. Visão interna dos disparos. O exercício de tiro foi feito em balões coloridos que estavam ao solo, pois cada atirador só podia atirar na cor que era a ele previamente designada. Isso para desenvolver o controle emocional do atirador, pois lá de cima, ele não pode atirar sem critérios, deve escolher os alvos com cuidado. O fato de ter que escolher uma certa cor nos balões no solo ajuda a desenvolver a atenção e o controle emocional do atirador. O helicóptero fazia um voo dando o flanco direito, para que o atirador da direita pude-se atirar e após uma passada dava o flanco esquerdo para que o atirador da esquerda atirasse. Primeiro em linha reta e em movimento, depois girando para a esquerda e para a direita e por ultimo pairando. O Fiel era o tripulante que dava a ordem de tiro e observava os disparos, controlando a linha de tiro dos operadores e a segurança dos disparos. Os disparos devem ser solicitados ao 1º Piloto – Comandante da Aeronave, e somente após a autorização deste que o operador pode realizá-los, exceto em casos de perigo eminente ou de ataque repentino contra o helicóptero, onde o operador deverá responder de imediato e informar ao 2º Piloto o ocorrido e os resultados. A literatura especializada indica que ao usarmos armas que não possuem coletor de capsulas, deve-se voltar a janela de ejeção das armas para baixo, considerando-se a possibilidade de uma cápsula atingir o rotor principal, mas a prática mostrou que isso é difícil de acontecer, principalmente se a aeronave for um Coala, que produz um jato de ar muito forte, assim, as capsulas não conseguem subir para chocaram-se contra o rotor, mas o ideal é que as armas tenham o coletor de capsulas. A princípio os disparos devem começar a partir do pairado da aeronave e o 2º Piloto deve manter o Comandante da aeronave sempre informado de toda a ação. Após o término dos disparos as armas devem ser travadas e o operador deve verbalizar ao 2º Piloto “ARMA TRAVADA” ou “ARMA EM SEGURANÇA”, conforme padronização prévia. O comandante do GRAER a direita e o autor a esquerda. Considerando que a arma está carregada, a munição só deve ser retirada da câmara após a aeronave estar em solo e em local seguro, de preferência em uma caixa de areia. Na necessidade de fazer a recarga da arma o operador deve verbalizar “RECARGA”, e procedê-la. Para sanar panes ou incidentes de tiro o operador verbaliza “PANE” e resolver a pane de maneira segura. Sempre que a aeronave estiver fazendo curvas para a direita ou para a esquerda a atenção deve ser aumentada, pois a possibilidade de haver um disparo na estrutura da aeronave é aumentado, podendo acertar as pás ou o rotor principal. A velocidade da aeronave deve ser observada pelo piloto, pois é muito difícil de certar os disparos em uma velocidade média, nem comentamos em uma velocidade um pouco maior. Assim, a velocidade deve sempre baixa para que se tenha um bom aproveitamento. Quanto ao calibre das armas utilizadas para o tiro embarcado, considero que o calibre ideal seja o 7,62x51mm, pois as distâncias dos disparos, quando a aeronave está muito baixa é em torno de 80 metros, podendo chegar a cerca de 200 metros, uma distância grande para a utilização dos calibres 7,62x39mm 5,56x45mm. Mas veja que falei de condições ideais, nada impede que se use o calibre 5,56, inclusive, nesta instrução foi usado o 7,62 e o 5,56. Um problema que deve ser destacado quanto ao uso do calibre 7,62 em área urbana é sobre o grande poder de transfixação e de transmissão de energia que esse calibre possui, o que pode acarretar em resultados não esperados, atingindo alvos não desejados. Mas a questão do uso de fuzis dentro de áreas urbanas é um assunto polêmico e não é objeto dessa publicação. Um momento que exige muita atenção de toda equipe é o abastecimento da aeronave, pois existe a possibilidade real de incêndios. Todos se mobilizam no momento do abastecimento e seguem um ritual extremamente metódico. Momentos como esses que deixa bem claro todo o profissionalismo dos PPMM do GRAER, pois, mesmo sendo um momento tenso, pois a aeronave não é desligada, os PPMM fizeram com o maior profissionalismo possível e com a maior naturalidade, sinônimo de um alto nível de treinamento. Durante todo o voo é muito importante que as informações sejam repassadas, compartilhadas e reportadas a quem de direito, isso reduz a possibilidade de surpresas desagradáveis. Tudo que aqui foi explanado deve ser integrado à extensa doutrina que envolve o emprego de aeronaves em ações táticas e ações policiais. É algo muito perigoso o emprego desse tipo de aeronave em ações policiais, porém, os resultados benéficos, a velocidade das ações, o impacto psicológico, dentre outros fatores, que o helicodícero proporciona, recompensa todas as adversidades e perigos do voo policial em helicópteros.

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